Foi naquela noite fria de verão que a minha vida mudou, num lugar pouco comum para nós dois, numa condição pouco comum para qualquer um. Aqueles olhos perdidos encontraram os meus, perdidos, imersos em sonhos que ninguém nunca saberia, apenas ela.
A diferença entre nós dois tornou tudo mais fácil. Eu estava resistente, mas cheio de amor. Ela, feliz, sorria fingindo esconder os seus medos. Eu, meio de lado, deslocado, quase me escondia. Ela conversava com todos, dançava e ria. Ela tinha samba no pé, eu sempre fui rock n´roll. Eu segurava uma garrafa de água, sem gás e sem gelo. Ela bebia caipirinha, cerveja e tequila.
Fechei os olhos e pensei por um momento. Nada ao meu favor. Eu estava sozinho, ela, eu não sei, mas não parecia se importar. Conversava e envolvia o ambiente como se o mundo fosse dela, andava entre as pessoas como se todos fossem dela. E eu a olhava, imaginava, como se eu fosse dela.
E os olhos dela se cruzaram novamente com os meus (que já eram dela também), ela me sorriu e eu a chamei para dançar (bobagem, eu nem sei dançar). Ela aceitou, eu estremeci.
Alguns minutos daquela dança e eu percebi: aquele sorriso não era meu, nem era dela. Ela não era dona de si mesma, seu coração estava em outro lugar... Talvez perdido por alguém que não a conhecia, não como eu, sangrando por alguém que não era seu.
E como eu me acostumei a não lutar, nem o nome dela eu perguntei...
Linda
Há um ano
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