5.12.09

Inferno astral?

O blog anda com um certo delay, mas é culpa da semana agitada, não minha. Tecnicamente hoje é dia 05, mas o blog ainda está no dia 02. Enfim...

É mentira que eu me irrito fácil. Ocorre que, se eu não estiver irritada, o destino persiste!

Vamos aos fatos:

Quarta-feira, 02 de dezembro: acordei até animada pois, teoricamente, o meu inferno astral tinha acabado no dia anterior. Para minha surpresa, assim como o blog, meu ciclo solar também parece estar com delay.

Em tempo, as "quartas-feiras" sempre foram tensas pra mim. Eu não sei porque mas é o dia da semana em que saio de casa com uma nuvenzinha em cima de mim. Ainda que o dia esteja lindo, pra mim ele está nublado.

Chego no escritório no horário de sempre e me arrasto até a cozinha rezando para uma boa alma já ter feito o café. Nada. Resolvo fazê-lo eu mesma. Nada de pó de café. Cogito a possibilidade de ir até o mercado, mas seria pedir demais... Melhor me concentrar em outra coisa enquanto o pó de café não chega por livre e espontânea vontade.

Computador com problemas pra ligar, promessa para Nossa Senhora dos Computadores que Não Ligam e ele liga! Abro o Diário Oficial e dou de cara com um número assustador de publicações. Prazos e mais prazos a cumprir. Enfim, é a minha penitência por um dia ter desejado o curso de Direito. Mas são 8:20 e o dia está só começando, ainda dá tempo de melhorar (ou piorar).

Logo mais o café chega pelas mãos de uma colaboradora e me faz sentir melhor. Sempre ouvi dizer que amigos são anjos... Acredito! Ainda mais quando esses anjos trazem café.

Começo a me preparar para o dia e a mesa vai novamente retornando à sua aparência habitual, estilo "pós furacão Katrina". No ponto alto da desorganização eu me lembro que preciso "dar um pulo" na prefeitura e retirar uma certidão XYZ. O "dar um pulo" tem que estar entre aspas mesmo porque qualquer ser humano normal sabe que, se depender da eficiência de um órgão público, é impossível dar um pulo, no máximo, brincar de estátua ou morto-vivo. Fui.

Pensando que nada poderia dar errado, já que eu SEMPRE faço a MESMA solicitação, no MESMO lugar, pagando as MESMAS taxas, para o MESMO cliente, referente ao MESMO processo, entrei na Prefeitura Municipal (que é um pleonasmo) tentando não demonstrar insegurança. (Se quiser sobreviver, NUNCA demonstre insegurança a um funcionário público).

Chego no balcão e entrego o protocolo de retirada. Foi nessa hora que a nuvem de quarta-feira começou a dar o ar da graça só pra me mostrar que o inferno astral não tinha acabado. Com aquela entonação de "Rá! Vou te dar canseira!" o funcionário me pergunta:

- Você trouxe o contrato social da empresa? 
- hã?
- O con-tra-to so-ci-al...
- Pra que você quer o con-tra-to so-ci-al??
- Para confirmação de CNPJ e razão social.
- Como assim? A certidão não foi emitida ainda?
- Foi, está aqui, mas eu preciso confirmar.
- Mas está na própria certidão!
- É só pra confirmar.
- Eu entendi mas, se a certidão foi emitida, isso quer dizer que o CNPJ e razão social estão corretos ou a prefeitura emite certidões com informações incorretas?
- Não é isso, é que... blá blá blá blá blá (infinito).

Bom, eu tive que ir ao departamento de dívida ativa, ao jurídico, voltar ao protocolo, começar mais uma discussão, etc... Mas saí vitoriosa, com a certidão nas mãos. O dia estava difícil, mas não impossível.

O calor dentro do carro fazia eu me sentir um peru em véspera de natal, mas tudo bem, eu tinha acabado de ganhar uma guerra e o meu troféu era uma droga de certidão.

Segundo Round, Forum. Logo ao entrar eu vejo no balcão do cartório da segunda vara cível uma cliente do escritório (chaaaata) e me lembro que o processo dela está na PRIMEIRA vara cível. O que ela faz na segunda? Lembrei! Ela está fuçando um outro processo da pessoa que moveu ação contra ela. Fuçando é a palavra certa e fuçar é muito feio. Já acho feio se você é um pobre advogado buscando informações, se você é parte, pior ainda (um dia escrevo um merecido post sobre "as partes" do processo).

Usei o velho truque do celular (aquele que você finge falar com alguém para que o chato que você já avistou não te interrompa) e passei rápido. Subi as escadas bem em frente ao balcão onde a chata estava e pude vê-la perguntando um monte de coisas para a funcinária do cartório, que aqui receberá o nome de Cabeluda.

A Cabeluda é uma das senhoras mais chatas e arrogantes de todas as varas cíveis. Me deu vontade de parar no meio da escada, dançar a macarena pra ela e gritar: "Bem feito! Eu disse que um dia você ia se f...". Mas achei melhor não chamar a atenção para mim, de forma que eu só olhei e dei um sorrisinho sarcástico.

Pronto, a nuvem que estava dando trégua resolveu voltar com força total. Praga da Cabeluda, tenho certeza.

Lá em cima, fila no balcão do protocolo, sistema fora do ar, fila enorme no banco, saguão lotado de gente aguardando audiências, uma mulher chorando e brigando com o (penso eu!) ex-marido, aquele clima amistoso de pré-audiência de vara de família, uma delícia! O jeito é voltar mais tarde.



Passei pela Cabeluda e a chata de novo e saí sem ser notada. Qual não foi a minha surpresa ao perceber que um engraçadinho havia colado na traseira do meu carro, dificultando um pouco a minha fuga.

Volto ao escritório, chateações normais, meto o joelho numa gaveta e quase choro de dor, calor insuportável, advogado da sala ao lado em reunião de alto nível de decibéis... Tudo normal.

Faço uma horinha e resolvo que é hora de voltar ao Forum. Entro no carro e percebo que alguém deixou um panfleto no pará-brisa, mas decidi que não era o momento de sair do carro e tirá-lo, faria isso a hora que chegasse ao Forum ou quando chegasse em casa ou não faria, esperaria ele sair sozinho e, gentilmente, dirigir-se a uma lixeira por conta própria.

Mas, como já era de se esperar, no meio do caminho começou a chover, na verdade, mandaram água de balde, molhando o papel em apenas alguns segundos. Por mais que eu não quisesse aceitar a idéia, tinha que ligar o limpador de para-brisa. Aquela massa de papel molhado se espalhou por todo o vidro. Lindo!

Não tinha uma m... de uma vaga próxima ao Forum, tomei chuva, molhei a petição que ia protocolizar, quase caí atravessando a rua de paralelepípedo. O fim de tarde estava realmente maravilhoso.

Chego em casa, p da vida (bobagem!) e vou tomar banho. Só quando estou inteira molhada é que eu percebo que acabou o shampoo... E ainda eram seis horas da tarde...


Errata: no post anterior, sobre o Dr. Psiquê, onde escrevi "1/3 de idade" leia-se "2/3 de idade". É que meu pai, que acabou de ler o post, me avisou que 1/3 é menos que 1/2 e a minha intenção era justamente o contrário. Nunca entendi direito as frações, a parte do meu cérebro responsável pela matemática foi desativada logo que eu nasci.

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