21.12.10

Papelada

Resolvi remexer em papéis velhos, separar aquilo que fica e o que vai para o lixo.

... e quando você mexe em coisas antigas (que nem são tão antigas assim), você percebe o quanto sua vida passa depressa, quanta coisa você consegue acumular nos dias que parecem que se arrastam, mas que, ao olhar para trás, "parece que foi ontem".

Descobri que minha adolescência foi tão poética... E eu não estou falando metaforicamente, eu realmente me metia a escrever poesia e colecionar os poemas de escritores que conheci durante o tempo que permaneci em grupos virtuais.

Hoje joguei tudo fora.

Não, eu não me sinto menos sensível ou romântica, apenas mudei minha maneira de ver a vida. Ou foi a vida que me fez mudar a maneira de ler poesia...


23.11.10

O sonho nunca acabou!

Ainda estou tentando digerir o show do Paul MacCartney.

Tudo começou no encontro para o show do Rush quando um amigo falou: Meu, vocês viram que vai ter show do Paul em novembro?

E a partir daí, com a decisão tomada, "nós vamos", começou a angústia para comprar os ingressos. A ansiedade pela pré-venda. A tristeza de não ter conseguido. A esperança de conseguir um ingresso na venda "da geral". A conquista. Aí, foi só esperar o dia.

No dia 21/11 estávamos lá, numa fila imensa com pessoas de todas as idades, cores e crenças. Andamos muito, esperamos mais ainda.

E lá de fora meu pai ainda brincou: "Podíamos lucrar com os ingressos e ir pra casa assistir pelo multishow". Não faríamos isso! Antes do show começar já era previsto que nenhum dinheiro do mundo pagaria aquele momento, aquelas 3 horas.

Eu nunca vou conseguir descrever a energia daquele estádio na noite do último domingo. Cada pessoa que entrava (e entrava muita gente!) deixava mais bonito aquele espaço que, mesmo a noite, estava iluminado, não pelos holofotes, mas pelo brilho dos olhos de cada um à espera da grande estrela da noite.

O show começou e tivemos a certeza que todo esforço tinha sido recompensado.

Ainda na segunda música, perguntei ao meu pai se ele ainda preferia assitir pelo multishow. Com um brilho indescritível nos olhos ele apenas balançou a cabeça negativamente.

Mesmo com toda emoção eu não consegui chorar durante o show, mas desde "The end" estou com um nó na garganta que não desfaz (ainda que tenha lavado um pouco a alma com o texto do Rob Gordon, que descreveu o que, provavelmente, muitos sentiram e pensaram).

O sonho não acabou, não acabará nunca! Ao menos não enquanto o "casal da frente", a "tia escandalosa" do lado, os "meninos de 6 e 8 anos" atrás, o "tio psicodélico" do outro lado, a "maluca bêbada" lá da frente,  meu pai e eu, cantarmos a mesma música, num só coro!

Aquelas 3 horas irão durar para sempre, a emoção vai durar para sempre... mas eu precisava escrever agora!

29.10.10

On a Break

B: Precisamos conversar.
DF: Finalmente!
B: Como assim?
DF: Tanto tempo sem falar nada... Já não era sem tempo querer conversar.
B: Vou ser direta, preciso de um tempo.
DF: Já imaginava.
B: ...
DF: Foi alguma coisa que eu fiz?
B: Não.
DF: Foi alguma coisa que eu não fiz?
B: Não. Olha, você é ótimo.
DF: Então...
B: O problema não é você, sou eu...
DF: Ah, o velho truque... Tem outro?
B: Você sabe que tem, mas não é isso, só quero ficar sozinha, descansar...
DF: De nós dois?
B: Sim. Mas se eu tivesse que escolher um, seria você.
DF: Verdade?
B: Claro que sim. Você me conhece a mais tempo, além do que, posso falar sobre tudo com você. O outro se resume aos assuntos de trabalho.
DF: É definitivo?
B: Não sei, mas por enquanto preciso desse tempo.
DF: Ok. Vou respeitar a sua decisão, mas saiba que quando quiser voltar eu vou estar aqui.
Bia: Sim, volto pra gente conversar quando der.
Dos Fatos: Vou esperar.

13.10.10

Ah, crianças!

Eu gosto de algumas crianças, gosto mesmo. Assim como eu gosto de algumas pessoas adultas também. Pra mim, não tem diferença se a pessoa usa fraldas e fala errado ou tem 94 anos de idade usa fraldas e quase não fala. Pesso é pessoa, de qualquer idade.

O meu problema real é que eu não sei como me comportar diante de uma criança. Me sinto boba em qualquer coisa que eu fizer e imagino que a dita cuja está pensando, na melhor das hipóteses: "Que tia besta!".  Os adultos também podem pensar (e pensam!) isso, mas aprenderam com o tempo a não externar esse sentimento por uma questão de convivência, por isso eu me sinto mais segura perto deles.

E tem aquela criança que te deixa falando sozinha ou se esconde atrás da mãe quando você pede um beijo ou pergunta seu nome. Crianças são capazes de ignorar sem peso na consciência (que inveja!) e te deixar sem graça...


... e te deixam mais sem graça ainda quando, no meio de uma brincadeira super saudável ela CHORA. Você não sabe o que fez, aliás, nem sabe se fez alguma coisa, mas ela CHORA! E corre para o colo da mãe. Você pede desculpas e ela vira a cara como se você fosse o bicho papão, ou a Cuca do sítio do pica-pau amarelo, se é que as crianças de hoje em dia sabem o que é isso.

Você, sem saber o que fazer, pede desculpas. Ouve a mãe dizer para a criança "foi sem querer, a tia não fez de propósito" e você pensa "mas o que eu fiz, exatamente?".

Criança é legal, mas eu prefiro manter uma distância segura.

30.9.10

Finding M.

Começou quando M. deixou um recado no meu orkut : "dia 29 vou ficar de molho no aeroporto de campinas de 9 ao meio dia...se eu fosse vc pegava o marcio e ia pra la almoçar aushaushausahua =)" e pra mim já estava fechado.

Conferi minha agenda e percebi que nesse dia haveria uma audiência logo às 9:30 da manhã (droga!), mas de qualquer forma daria tempo, ainda que fosse apenas para tomar um café e 15 minutos de conversa fora. Confirmei.

Chegou dia 29 e liguei para o Márcio logo cedo, mas não atendia. Já estava decidida a ir sozinha quando, numa última tentativa ele atendeu, disse que estava pronto e que me encontraria no centro da cidade em aproximadamente 20 minutos.

Aqui eu preciso deixar um lembrete pra mim mesma. Quando o Márcio diz "estou pronto e chego em vinte minutos" entenda "acabei de acordar e ainda estou deitado, tomarei meu banho e irei tranquilamente ao local combinado. Chego lá em CINQUENTA minutos". Mas essa é outra história...

Chegamos no aeroporto e tentamos telefonar, mas o telefone capixaba aparentemente não estava funcionando em Campinas. Algum problema de área ou puro boicote, whatever.

Rodamos pelo aeroporto (que por sorte não é grande) e nada. Pra uma pessoa míope como eu a missão estava ficando complicada.


Por que não pensamos nisso?

Percebi então que estávamos no saguão de desembarque e, num ímpeto genial percebi que M. poderia estar no saguão de embarque, visto que era isso que ela estava fazendo lá, aguardando um avião para outro lugar.

Decidimos seguir as setas que indicavam "embarque". Saímos do saguão de desembarque, andamos por fora do saguão e qual não foi nossa surpresa quando, entrando no salão de embarque, percebemos que se tratava do MESMO saguão, com as mesmas pessoas e o mesmo balcão de informação. Me senti estúpida.

Nesse momento eu pensei em pedir para anunciá-la, mesmo o Márcio achando que ela não estaria prestando atenção aos anúncios do aeroporto e eu intimamente achar que quase ninguém entende o que o anunciador fala (pra mim é quase como ouvir alguém recitando Shakespeare em russo com a boca e nariz tapados).

Já tinha me conformado em voltar para casa sem encontrar M. E foi aí que ela acabou nos encontrando...

Ficamos pouco mais de uma hora num café do saguão de embarque/desembarque, um encontro de futuros velhos amigos. Formalidade zero e muita risada. "Dorei".

E depois de uma sessão de fotos M. partiu para seu destino, o sul do Brasil (invejinha branca nessa partes), mas esperamos que ela volte um dia pra cá, não apenas para um café, mas para continuarmos por horas e horas aquelas conversas bobas, numa mesa de bar com cerveja, vodka e marguerita.

Volta, né?

20.9.10

O que foi, é ou será!

Eis que de repente você se dá conta de que os melhores anos da sua vida são aqueles que passaram sem você nem perceber... E percebe o que passou e o que nunca aconteceu.

É fato (e clichê) que tudo tem seu momento certo para acontecer.

Esse blog nasceu por um motivo, em algum momento que eu até posso me recordar, ainda que não faça muita questão disso... e passou por fases, do fundo do poço à filosofia de botequim.

Olhando para trás, para a pequena história desse micro diário eletrônico, eu pude constatar duas coisas: (1) eu não tenho disciplina para fazer algo regularmente que não seja obrigatório e (2) os melhores momentos da minhas vida não foram contados aqui.

Os melhores momentos não foram contados...

Os melhores momentos foram vividos de maneira que não caberia descrever em palavras, eu nem saberia como fazê-lo.

Os melhores momentos foram guardados na lembrança - às vezes numa "pen-drive", em formato ".jpg", com pessoas bem coloridas.


E isso não é saudosismo antecipado e barato. É a sensação de que algo está acabando, um ciclo está terminando para dar lugar a outro, talvez melhor, talvez não...

Aquela sensação de que tudo passou muito depressa, aquela sensação de "parece que foi ontem", mas com a firmeza de tudo aquilo que é eterno porque foi contruído dia-a-dia, por cinco anos!

13.7.10

Eu tenho medo do Jostein Gaarder

É sério!

Fazia um tempo que queria escrever um posto sobre livros, mas não tinha surgido a oportunidade.

Lembra quando eu comprei o livro Amor em tempos de cólera, do Gabriel Garcia Marquez? Pois bem a ideia era destruir um certo bloqueio que tenho com relação ao autor. Isso porque desde adolescente eu tento ler Cem anos de solidão, mas acho tão chato que não consigo sair das primeiras páginas.

E eu já tentei diversas vezes, porque há quem diga que "às vezes não é o momento certo, por isso a leitura não flui". Eu acredito nisso (pelo menos em partes), por isso eu o peguei diversas vezes para ler. Em todas as vezes eu achei chato. Em todas as vezes não cheguei nem na metade. Quem sabe um dia...

Mas eu ia falando do Amor em tempos de cólera que eu comprei no fim do ano... Comecei a ler logo que comprei. Desisti. Comecei novamente uns dois meses depois. Desisti. Comecei há dez dias atrás e estava começando a achar interessante (ó o progresso!), ainda que a leitura estivesse evoluindo a passos de tartaruga porque: a) ando muito cansada; b) ler quando estou cansada me dá mais sono ainda; c) a história é monótona e dá sono; d) todas as alternativas anteriores. Sim, D.

Agora, os (dois) leitores do blog devem estar pensando: mas o que tem a ver o Jostein Gaarder com isso tudo? Bom, é agora, no meio do tédio criado por Gabriel Garcia Marquez que ele entra, ou melhor, reaparece na minha vida.


Bu!

Tudo começou com O mundo de Sofia. Olha só:

Comecei a ler o livro ainda adolescente, com uns 13 anos ou 14 anos, se não me engano. Aquela hitória de cartas misteriosas entregues diretamente na casa de Sofia, sem selos, sem nada, com o canto molhado... Enfim, esse mistério me deu um medo inexplicável e parei de ler. Tinha mais medo da história das cartas para Sofia do que de qualquer filme de terror que eu me lembre no momento. Poxa, a menina estava sendo perseguida por algum tipo de pedófilo-filho-de-chocadeira? Não sabia. Não queria saber. Fechei o livro e não pensei mais nele por um bom tempo.

Com uns 22 anos, já na faculdade, eu vi o livro na biblioteca e pensei que ele não poderia mais me assustar, afinal, eu já era uma "mocinha". Levei o livro pra casa, O mundo de Sofia.

Eu até era uma "mocinha" na época, mas uma mocinha medrosa que também não conseguiu ler o livro até o fim. Ainda que tenha descartado a ideia de pedofilia, tudo ainda era muito estranho.

Eis que em 2010 um fã de Jostein Gaarder entrou na minha vida e se tornou meu namorado. E lá fui eu, tentar ler O mundo de Sofia mais uma vez. Se eu consegui? Claro que não. Ainda não, mas logo eu termino... (Dei uma parada para ler Amor em tempos de cólera e o resultado disso vocês já sabem).

Na último fim de semana, o Edu-namorado-fã-de-Jostein-Gaarder apareceu na minha casa com um livro chamado A biblioteca mágica de Bibbi Bokken (preciso contar quem é um dos autores?), que eu até já tinha dado uma olhada certa vez. Tinha achado um livro "bonitinho", "delicado", baseado em cartas trocadas por dois primos pré-adolescentes, tudo fofo, né?

Fofo uma ova!

Assim como O mundo de Sofia, A biblioteca mágica de Bibbi Bokken induz a pobre leitora medrosa ao erro. Dada a delicadeza dos títulos, tudo faz pensar que são livros infantis, mas não são.

O que era um pedófilo-filho-de-chocadeira, agora se tornou uma psicopata-assustadora-de-crianças-comedora-de-livros. Ou talvez Bibbi Bokken seja o pedófilo-filho-de-chocadeira que envia as cartas para Sofia?

Chega, tô lendo muito Jostein Gaarder. E tenho muito medo dele.

18.6.10

Teoria dos Cheiros

Aloha!

Estava meio afastada do blog pois estava envolvida em projetos de ordem profissional e acadêmica.

Ok. Quem eu quero enganar? O abandono do blog foi vagabundagem mesmo...

Mas, estava mesmo trabalhando em algumas teorias e queria compartilhar.

Primeira Teoria: Teoria dos Cheiros

Está comprovado cientificamente (entenda "cientificamente" como "contar aos seus amigos e ter como resposta: putz, verdade!") que os cheiros ruins ficam, os bons, dissipam.

E você pode comprovar a teoria entrando numa pastelaria. Sim, ainda que seja apenas para pedir uma informação ou comprar um bilhete de Zona Azul. O cheiro de fritura ficará no seu cabelo e na sua roupa até o seu próximo banho com cloro e soda cáustica, talvez tenha até que queimar as roupas.

Esse cheiro de fritura te acompanhará o dia todo, irritará seu fígado, te deixará com vergonha de cumprimentar alguém de perto mas, o cheiro daquele perfume ma-ra-vi-lho-so que você adora voa com o vento e 15 minutos após passá-lo você nem sentirá mais o cheiro. É ou não é?




Em breve outras teorias igualmente importantes!

1.6.10

Dinheiro mal gasto!

Dizem por aí que dinheiro que vem fácil, vai fácil.

Me lembrei hoje de uma vez que fui com meu irmão e minhas primas ao Shopping Tatuapé, na época em que eu ainda morava em São Paulo, uns 13 anos atrás.

Ao sair do carro, no estacionamento, achei 30 reais, 3 notas de 10 dobradinhas ao lado do carro. Que sorte! Naquela época 30 reais ainda era "bastante" e como achado não é roubado...

Pois bem, entrei no shopping e acabei comprando, com aquele dinheiro, um CD do Paulo Ricardo. Dinheirinho mal gasto...

Não sei porque me lembrei disso hoje, muito menos porque decidi compartilhar...

17.5.10

Heaven "or" Hell?

Acabou de ler uma notícia na internet e ainda estou anestesiada. Ronnie James Dio morreu neste domingo, aos 67 anos.

Um dos maiores nomes do heavy metal, que atualmente era vocalista da banda Heaven an Hell, nos deixou após alguns meses de luta contra um câncer de estômago, descoberto em novembro passado.

Mas não me cabe relembrar a sua história, muito menos tecer comentários sobre sua carreia. Estou emocionada, triste, com uma sensação de vazio e arrependimento que só o tempo será capaz de apagar. Pela primeira vez a morte de um famoso chega aos meus olhos em forma de lágrimas...

Dio esteve no Brasil em maio do ano passado e eu não fui ao show. Não quero falar sobre os motivos, mas aquela e, agora sei, última oportunidade que tive de ver este monstro do rock ao vivo, eu perdi. Isso explica a sensação de arrependimento.

Eu me lembro como se fosse hoje o dia em que comecei a escutar rock n´roll, ainda criança me encantei pela música Patience do Guns n´ Roses e aprendi assobiar acompanhando o Axl.

Mais tarde vieram Kiss, Iron, Ozzy, Led, Judas... E vieram Robert Plant, James Heitfeld, Fredie Mercury... E um dia eu percebi que Ronnie James Dio, independente da banda, era o melhor! E isso explica a tristeza que me salta aos olhos...

Coincidência ou não, estava ouvindo Fool´s Overture, do Supertramp, quando li a notícia de sua morte... Oh Everyone was laughing up until the day he died... E isso explica a emoção...

Um dos meus grandes ídolos se foi e sua despedida não terá as pompas outrora concedidas à Michael Jackson, por exemplo, mas não importa, o luto não pode ser um acontecimento midiático. Cada um sente a seu modo o que perdeu. E talvez esta seja a sensação de vazio...

Wendy Dio, sua esposa e empresária, declarou: Today my heart is broken, Ronnie passed away at 7:45am 16th May.



Neste momento, vários corações metaleiros encontram-se quebrados. A sua perda é nossa também, Wendy!

My friends, we're not alone
He waits in silence to lead us all home

14.5.10

Brigit vai às compras!

Acredito que quase todos os moradores de Indaiatuba conheçam a Brigit.

É um homem que se veste como "mulher", roupas extremamente curtas e justas, mas não é simplesmente um travesti. Brigit transcendeu todas as classificações conhecidas pela psicologia, ela é única!

Seu andar é inconfundível, sempre rápido e com os braços levemente dobrados e com um movimento característico a cada passo.

Lembro-me de uma vez que a encontrei num ônibus, vindo de Campinas para Indaiatuba. Ela estava irritadíssima com o atraso do ônibus e por conta disso resolveu que todos os passageiros eram culpados. Brigit gritou com o motorista, com o cobrador, procurou apoio de outros passageiros (sem resultado), até que resolveu fazer comentários preconceituosos contra dois negros que estavam no ônibus. Fiquei furiosa e meu pensamento desceu para as cordas vocais e saltou da minha boca... Não fosse a intervenção de um passageiro, Brigit teria me quebrado a cara.

Mas ela não guarda mágoas, aliás, acredito que ela nem se lembra das pessoas.

Tempos depois, acompanhando uma pessoa no hospital, tive a felicidade de encontrar a figura na sala de espera. Ela aguardava o atendimento e a consequente solução de uma cólica menstrual que a acometia. Estava também esperando o namorado que viria de Curitiba para buscá-la. Claro que ela puxou assunto comigo. Claro que eu respondia monossilabicamente. Claro que ela nem se importou e continuou falando horrores.

Esta semana foi a vez de encontrá-la fazendo compras.

Cheguei na loja que costumo ir quando preciso comprar algo e ouvi uma voz conhecida. Alto nível de decibéis. Ela estava lá, verificando os modelos recém-chegados da loja.

Algumas vendedoras riam escondido (sim, porque pra rir na cara dela é preciso muita coragem, ela é quase uma mulher, mas briga como homem), outras fngiam que aquilo não estava acontecendo.

Aparentemente Brigit não gostou da coleção outono-inverno e, pra falar a verdade, eu também não, por motivos diferentes, claro.

Eu tenho muito frio, preciso de roupas mais pesadas. Brigit, por sua vez, achou a coleção muito "fechada", sem "decotes". E com uma loja daquelas não tinha uma mini-saia amarela?

Brigit se foi, frustrada.

Logo depois eu a avistei saindo de uma loja de lingeries gritando. Não sei se a expulsaram, se alguma coisa a ofendeu ou se simplesmente não estava achando a mini-saia amarela em lugar nenhum.

Brigit é um mito indaiatubano.

Minhas sinceras homenagens à ela.

10.5.10

Manowar - O show que não aconteceu!

Eu não vou tentar fazer uma resenha do show, deixo isso para os profissionais capacitados e muito mais criativos e talentosos que eu, como este aqui, por exemplo. O que vou escrever está mais para um desabafo que para um trabalho jornalístico.

Na última sexta-feira, 07.05, eu, assim como centenas de fãs da banda Manowar partimos para o show que ocorreria no Credicard Hall-SP. Doze anos depois da última visita, "The Kings of Metal" estavam de volta...

Confesso que comecei a contagem regressiva para o show assim que peguei meu ingresso na Ticketmaster, mas meu coração começou a acelerar mesmo na segunda-feira de manhã, quando recebi o e-mail de um amigo empolgadíssimo com o show. Sim, faltavam 4 dias...

Na sexta-feira estávamos lá, no horário e local combinados para assistir o que deveria ser o "show da vida" de muitos fãs que ali estavam... Mas não aconteceu.

Assim, os caras estavam lá, o show começou um pouco atrasado, mas tudo bem, era Manowar!

Eis que o show foi acontecendo e a esperança de ouvir os grandes clássicos da banda foi se esvaindo a cada música.

O show estava um porre. Joey DeMaio teve seu momento stand-up sem muito sucesso (um amigo até dormiu) e o setlist não estava agradando.

Achei que a chata era eu, mas comecei a reparar na platéia... O que era para ser um mega show com fãs delirando era agora uma grande casa com centenas de pessoas paradas olhando para o palco com uma expressão de extrema decepção.

A minha certeza do descontentamento geral se deu quando, quase no final do show, ouvi um cara atrás de mim gritar: "Manowar, vai tomar no cu!". Eu apenas sorri e tentei procurar o autor da frase para expressar minha solidariedade, ainda que fosse com um olhar...

Fui pegar uma cerveja, tentar afogar um pouco as mágoas, e no bar o comentário era geral: "E os grandes clássicos da banda?", "Não vão tocar Battle Hymn, Blood of my enemies, Brothers of metal?????". Não!

Saí de lá com uma sensação estranha, meio órfã (e olha que eu nem me considero fã "doente" da banda!). Ouvi comentários de fãs rasgando camiseta da banda na calçada, gente xingando e querendo o dinheiro de volta...

Pela primeira vez assisti a um show e tive a sensação de sair dele gostando menos da banda.

Manowar decepcionou, e aqueles fãs que esperaram 12 anos pra ver um PUTA SHOW, continuam esperando... Quem sabe na próxima década... Quem for me conta!

Ei, Manowar, vai tomar no cu!

12.4.10

O que eu preciso e o que eu quero!

Eu preciso falar para duas pessoas que seus posts às vezes me servem de inspiração para algo que quero escrever, mas tenho preguiça de pensar.

Eu quero só roubar a ideia de alguém que eu quero rever, colocar o papo em dia e de alguém que um dia eu quero conhecer, talvez numa mesa de bar, longe do desktop.

Mas o que eu quero além disso? O que eu preciso?

Eu quero mais dinheiro e menos trabalho.

Eu preciso de mais horas no fim do dia (mas eu quero menos cansaço... pode?).

Eu quero feriado prolongado toda semana, mais tempo para visitar os amigos.

Eu preciso de oportunidade para ficar sozinha, em silêncio, e tentar descobrir quem eu sou (mas, confesso, eu nem quero tanto assim!).

Eu quero beber marguerita até virar mexicana... e me entupir de guaca-mole, mas eu nem gosto de abacate...

Eu preciso criar o hábito de tomar dois litros de água por dia (hábito sem glamour).

Eu quero acreditar nas pessoas, nas palavras, nos amores.

Eu preciso ter o pé atrás com tudo (prudência e caldo de galinha fazem mal a ninguém).

Eu quero sempre mais, mas o que eu preciso talvez seja bem menos do que eu quero...

1.4.10

Dois celulares e o Law & Order

"No sistema judiciário criminal, crimes de caráter sexual são considerados especialmente hediondos. Na cidade de Nova Iorque, os dedicados detetives que investigam esses terríveis delitos são membros de um esquadrão de elite, conhecido como a Unidade de Vítimas Especiais. Estas são suas histórias."

Só para introdução do assunto, outro dia tinha uma pedra (pontuda) no meio do meu caminho e, sortuda que sou, a pedra rasgou (a palavra é essa mesmo) o meu pneu.

Foi nesse momento, sozinha e sem créditos no celular que eu decidi que tinha que ter um plano pós-pago.

Como meu pai não usa muito o dele, me propôs que eu ficasse com a sua linha. Ok. Deste modo fiquei com o celular dele e o meu. Estou mantendo os dois ainda porque 1) ainda não passei para todo mundo o número novo; 2) alguns amigos já tem o número novo mas ainda insistem em ligar no antigo e 3) ainda tenho alguns bônus do pré-pago para usar.

Na terça-feira cheguei do escritório 21h20, assiti Law & Order SVU até 24h00 e fui dormir. Achei que tinha desligado o celular novo. Achei que apenas o antigo continuava ligado com a função de me acordar no dia seguinte... Mas eu estava enganada...

Sabe aquele estágio do sono em que vc não está sonhando ainda mas já está vivendo absurdos inconscientes?

Enfim, estava sonhando que eu era uma agente do Law & Order SVU e, ao lado do Detetive Elliot (morram de inveja, girls), estava desvendando um grande mistério de... uma torneira pingando!

Eis que no meio da investigação acerca da referida torneira, ouço uma musiquinha (pin-pin), o que fez a minha consciência quase retornar e pensar "mas essa não é o toque do Law & Order"!

Acordei, peguei o celular que tinha ficado ligado para despertar e nada. O "pin-pin" devia ter surgido na minha cabeça pela mesma razão que Elliot estudava uma torneira, ou seja, eu não sei porque.

Voltei a dormir (assim, na verdade eu nem cheguei a acordar direito) e voltei mais ou menos para o mesmo sonho. A torneira estava lá, pingando, algumas pessoas estavam em volta estudando o fato mas o Elliot tinha sumido. Fiquei puta, mas não vou discorrer sobre isso. Apenas imaginem a frustração de uma pessoa que sonha em conhecer o Detetive Elliot desde os tempos em que ele era o bandido Keller, em OZ e, de repente, por causa de um "pin-pin", ele some! Humpf.

De repente, outro "pin-pin", que considerei ser parte do sonho e continuei dormindo (sim, meus sonhos são meio conscientes). Mas depois veio outro.

Cansei, afinal de contas o toque do Law & Order não poderia ser reduzido a um "pin-pin". Além disso, estávamos num caso sério com a torneira. Que imbecil atrapalharia o esquadrão de elite em sua importante missão??? (eu ainda não sei se a torneira tinha sido molestada mesmo).

Acordei, acendi a luz e fui investigar. Fechei a torneira do banheiro que estava pingando (mardita!), abri o celular que estava a postos para despertar no dia seguinte, nada, abri minha bolsa, peguei o celular novo (que deveria estar desligado) e lá estava "uma mensagem recebida", exatamente 24h38.

A mensagem era de um amigo agradecendo a mensagem que eu tinha lhe enviado às 10h00 (sim, da manhã) cumprimentando pelo seu aniversário.

Eu tinha desligado o celular, tenho certeza disso. Será que ele ligou sozinho? Será que Elliot precisou fazer uma ligação antes de ir embora e acabou deixando ligado? Será que os celulares ficaram complexos demais? Talvez este seja um caso para o Detetive Kevin Bernard...

12.3.10

Dos equipamentos sindicalistas

Não bastasse todos os percalços normais da profissão, ainda tenho que conviver com certas pérolas diárias. Ontem a situação beirou o ridículo. Sério, foi indigno.

Vamos aos fatos:

Cheguei no escritório, quarta-feira, dia de folga dos meus neurônios pró-ativos (por alguma razão obscura, só os neurônios preguiçosos "trabalham" às quartas). Até aí, tudo bem, já convivo com isso há vários anos, ainda que desconheça algum fundamento científico para isso.

A rede também não estava funcionando. Ou seja, os três computadores não se comunicavam sendo que, em um deles estão todos os nossos arquivos e é muuuito lento, o outro, que fica na outra sala, só funcionava internet e o notebook, que é o que tem melhor desempenho, não servia pra m... nenhuma naquele momento. Sussa!

Aí o meu dia foi assim, correndo de uma sala para outra, salvando os arquivos de um computador na pen drive e correndo para o outro lado do corredor (e quando eu falo corredor, estou falando de um de mais ou menos 15 metros) para usar internet. E os neurônios preguiçosos, odiando o corre-corre, planejavam um incêndio criminoso em tudo aquilo só pra poderem ir embora pra casa dormir.

A impressora, que está conectada ao pc lento (dos arquivos), percebeu que era a única que estava trabalhando e resolveu parar também. Tentei argumentar, mas ela estava irredutível.

Se eu chamei um técnico? Óbvio. Mas ele só apareceu no final da tarde, quando eu já estava planejando uma emboscada para agarrá-lo na rua e levá-lo a força para o escritório (mas eu ainda acho que seria melhor ter chamado especialista para negociar com eles).

E aqui cabe um comentário sobre técnicos de computador: é só eles chegarem que tudo volta a funcionar, te deixando com a maior cara de idiota. Se eles sabem que é só aparecer para isso acontecer, por que não aparecem logo? Estou pensando seriamente em fazer um poster do técnico e deixar na sala. Talvez os computadores e a Sra. impressora se sintam constrangidos com a presença... Vou estudar melhor isso.

Mas, enfim, o técnico chegou. Juntamente com ele, um abacaxi monstro de um cliente, o que me fez ficar no escritório até 19:00 e, melhor, sem conseguir conversar com o técnico sobre o motivo do problema.

No fundo, ainda acho que eles pleiteiavam melhores condições de trabalho. Hoje, estavam todos funcionando, mas em operação-padrão.

Droga de equipamentos sindicalistas! 

Joinha!

24.2.10

Das partes

Como eu prometi aqui uma vez, vou falar um pouquinho sobre "as partes" de um processo.

Desde que decidi escrever sobre elas eu as observo atentamente sempre que vou ao forum. Esse se tornou um dos meus passatempos favoritos, já que decidi que não seria boa ideia levar o jogo imagem e ação (alguns cartorários poderiam entender como provocação e começar uma retaliação nem tão velada assim). Enfim, vamos a elas, às partes (apenas as já catalogadas):

1. A parte paciente: aqui o termo "paciente" não se refere, nem de longe, à paciência, e sim ao estado psicológico do ser. Explico: a figura chega no escritório e não conta APENAS sobre o seu caso, mas sobre TUDO ao redor dele. Pode ser o caso mais simples, a devolução de um equipamento quebrado para a loja, por exemplo, mas o cliente sente que é interessante te contar toda a história da compra do produto. "Comprou um novo porque o antigo o cachorro lambeu, o neto comeu... E o neto é fruto do casamento de sua filha com um rapaz nem tão bacana assim que, de início, achavam até que era bandido... E a família do bandido, digo, do genro, se tornou evangélica depois que uma febre acometeu um parente distante...". E por aí vai... Aí o advogado precisa ser paciente e, neste caso, referindo-se à paciência mesmo (de Jó!).

2. A parte palpiteira: é aquela velha história: "de médico e louco, todo mundo tem um pouco". Agora, substitua a profissão! Você está discutindo com seu cliente temas relevantes para o processo, colhendo o máximo de informações necessárias para dar um show na petição inicial. Ótimo profissional que é, sua mente já está vagando por diversas legislações, doutrinas e jurisprudências quando, de repente, a parte resolve te dar conselhos jurídicos. E esses conselhos passam do "óbvio ululante" às "aberrações jurídicas criadas por mentes doentias", as quais falaremos em outra oportunidade.

3. A parte fuça-fuça: essa é tão clássica quanto irritante. A figura baixa no forum toda semana pra olhar o processo. Não por falta de confiança no advogado, acredito que seja mesmo por prazer de estar lá toda semana e ver que nada mudou. Isso faz com que ela ligue toda semana no seu escritório pra avisar que o processo está parado (ah vá!) e, pior, "a moça lá " disse que a culpa é sua (pobre advogado (a)).

4. A parte que tudo sabe: geralmente uma evolução da parte fuça-fuça, essa espécie leu e mexeu tantas vezes no processo, aporrinhou tantas vezes o funcionário do cartório (e o pobre advogado) em busca de informações, que o conhece "de cabo à rabo" o processo e a matéria deste. É comum encontrar esse tipo no balcão do forum dando informações às partes que ainda estão no estágio fuça-fuça.

5. A parte que acredita: é aquele que ainda acredita, com todas as forças, que a justiça tarda mas não falha. Geralmente é a parte que dá menos trabalho para o advogado, pois sabe que o processo pode demorar horrores mas que, no final, a justiça será feita, portanto espera tranquilo o trâmite. Essa parte só cria problemas quando a justiça não é feita da forma esperada, ou seja, "puxando a sardinha" para o lado dele. Nesse rol cabe uma figura que encontrei no forum de Campinas esses dias e que eu não posso deixar de citar, pois até esqueci o que estava fazendo para observá-lo: Quase 2 metros de altura, calças curtas e blusa de moleton em pleno verão de quase 40 graus na sombra, ele discutia com a funcionária do cartório porque queria marcar uma audiência urgente com o juiz, pois estava de mudança para Minas Gerais e não poderia esperar. A funcionária, por sua vez, tentava explicar que não funcionava assim e que, diante das alegações do advogado dele, os autos iriam para o juiz que, por sua vez, abriria o prazo para a outra parte se manifestar (estou tentando ser o mais sucinta possível). A pergunta dele: Qual o prazo que o juiz vai dar? Ela: provavelmente 10 dias.
Ele: então volto daqui 10 dias.
Ela: Não, ainda vai para o juiz, ele vai abrir o prazo, publicar e só então começará a correr o prazo...
Ele: 15 dias então?
Ela, perdendo a paciência: Um pouco mais...
Ele: ah, 20, é o suficiente!
Ela, irritadíssima: Ok. Volte daqui 20 dias (certeza que ela vai estar de férias nesse período, certeza!).
Ele saca o celular do bolso e liga para o advogado dele: Tudo resolvido, doutor. Vou falar com o juiz daqui 20 dias...
Sabemos que isso não vai acontecer, mas ele é uma parte que acredita (e que é um grande problema pro advogado dele que provavelmente teve que explicar depois que a coisa não é bem assim como ele pensa, mas isso é um problema do caro colega...).

6. A parte que não acredita: não acredita em nada, nem na justiça, nem juiz e muito menos no advogado (que "é tudo picareta", segundo ela), mas como ela não vê outra solução para seu problema corre para o escritório do pobre e conta sua história com um certo ar de desdém. Fofura!



Como diria o professor Raimundo: "E o salário, ó!"





Aguardem próximos posts sobre novas espécies catalogadas, tão logo elas apareçam.

13.2.10

Dica da semana ou Horário de atendimento, das 8 às 17.

Eu não sei ao certo quem lê esse blog. Sei apenas a quantidade de acessos diários e, vez ou outra, recebo comentários aqui ou pessoalmente (aliás, a caixa de comentários está funcionando perfeitamente!). Mas o tema não é esse, o tema é a dica da semana e essa dica serve especialmente para as pessoas em fase de busca de uma profissão da qual se orgulhe, a faça feliz e dê dinheiro (ainda que saibamos que talvez ela não exista).

Dizem que se conselho fosse bom, a gente não dava, vendia. Ok. É verdade mesmo. E se tem uma coisa que eu aprendo a cada dia é que os conselhos tem que ser cobrados mesmo, do contrário, ninguém dá atenção. Mas hoje vai de graça mesmo porque ando caridosa ultimamente. Lá vai:

Escolha por um curso que te forme um profissional do qual a sua família e amigos NUNCA irão precisar. Biologia marinha, por exemplo (a não ser que você acredite ser filho de Iemanjá, literalmente!).

Explico:

Se você, por um lapso de sensatez, resolve fazer medicina ou direito, por exemplo, nunca mais vai ter paz, será profissional 100% do tempo e, ainda que esteja no meio de um churrasco com os amigos ou família e tenha tomado TODAS as cervejas da festa, vai ter sempre alguém querendo uma "consulta".

Não, não é das "consultas" fora de hora que eu reclamo, pelo contrário. Elas são ótimas para 1) provar para seu pai que os anos de investimento em sua educação valeram a pena, 2) provar para sua mãe que aquele dia que você não pode ajudá-la não era corpo mole, você precisava mesmo estudar, 3) provar para seus amigos que você não morreu, apenas sumiu por um tempo naquela semana de prova ou muito trabalho, 4) provar para seu (sua) namorado (a) que não era falta de amor nem galinhagem, você estava mesmo ocupada (o) e 5) provar para você mesmo que todas as alternativas anteriores valeram mesmo a pena.

O que me incomoda nas consultas é que sempre tem alguém disposto a perguntar algo que você não sabe ou sobre algo que você não gosta, aí vem aquela saia justa. Se disser que não sabe vem aquela cara de nojinho, de desdém...

No meu caso é até bom, porque eu adoro Direito Penal e o fato de ninguém me perguntar sobre o assunto durante as confraternizações pressupõe que meus amigos e família não tem problemas dessa natureza =). O que mais surge são questões cíveis, trabalhistas e tributárias (uuui pra essa última!). E surgem casos tão enrolados que em horas de conversa já seriam difíceis de resolver, mas o fulano quer uma resposta prática e objetiva ali, na hora (e você, bêbado como um gambá!). Não dá.

Pior é quando se põem a falar mal da justiça, dos advogados, dos promotores, dos juízes e até da faxineira do Forum. Epa, aí machuca! Porque EU posso falar mal das coisas e pessoas e percalços do meu dia-a-dia, mas os outros não. Mais ou menos como falar mal de parente, só quem é parente pode. Ponto!

Ainda pior que isso são leigos criando conceitos e teses que, no mundo ideal (deles) são pefeitamente aplicáveis. Você até tenta argumentar, explicar um conceito básico, dar uma mini-aula sobre a questão... Pare! Ele não vai te deixar falar e, portanto, não vai entender patavinas e ainda vai terminar o assunto dando risada, batendo nas suas costas e fazendo VOCÊ se sentir um idiota sobre um assunto que você pode até não conhecer profundamente mas sabe mais do que ele, certamente.

É por essas e outras que eu digo: Na dúvida, biologia marinha!




Ps: Eu não me vejo fazendo outra coisa na vida.
Pps: Eu não ligo, de verdade, para as consultas fora de hora.

4.2.10

Estava com Werther, mas voltei!

Eu não abandonei o blog, tampouco estou passando por uma fase sem inspiração. Na verdade, os posts acontecem na minha cabeça, mas por preguiça ou falta de tempo eles não vem pra cá.
Talvez, também, seja uma daquelas fases em que tudo passa a acontecer tão intensamente dentro de nós mesmos que qualquer tentativa de exteriorizar seria inútil, sei lá.

Fato é que poucas coisas me dão tanto prazer quanto ler e escrever, mas eu tenho minhas fases. Pouco tempo atrás, estava gostando mais de escrever... Até que entretive-me com a vida de Werther e os sofrimentos dele. Lindo livro, mas eu fiquei frustrada.

Goethe não poderia ter sido mais profundo e romântico mas... Quer saber? Terminei o livro achando o Werther um covarde, Carlota, a mulherzinha mais sem graça que já "conheci" e o Alberto, o maior corno-manso da paróquia. Coitado do Guilherme!

Tá, eu sei que é uma análise simplista de um grande clássico, mas, pra mim, a parte mais emocionante do livro passou bem longe do triângulo amoroso formado por Werther, Carlota e Alberto. Achei a carta de 30 de maio, onde ele conta sobre o amor de um jovem camponês por uma viúva, a quem prestava serviços, a mais perfeita tradução do amor (cujo fim eu nem dei muita atenção, não quero lembrar, pois quero guardar comigo apenas as carta de 30 de maio).

Mas valeu a pena a leitura (sempre!), ainda que tenha retornado o livro à estante sem aquela costumeira saudade que me dá assim que termino um bom livro.

Enfim, agora estou de volta.

24.1.10

Aqueles de outros tempos

Eu guardo coisas antigas, lembranças... Meu diário, que nunca escrevi, se resume numa caixa de palitos de sorvete, lacrada com uma fita vermelha, na qual guardo lembranças em forma de papéis e cartas antigas.

Eu já revirei minhas lembranças e fotos em momentos de tristeza e nostalgia, mas hoje é diferente. Hoje o passado trancafiado nessa caixa não me incomoda, pelo contrário. Percebi que guardo coisas valiosas de pessoas que eu nem sei mais onde e como estão, mas as memórias continuam lá.

Tudo que encontrei ao abrir a caixa faz parte de um tempo bem vivido. Lá dentro há um pedacinho de muitos amigos de infância, trechos de bons momentos vividos com amigos na minha adolescência, pedacinhos de amor e carinho recíprocos e eternos com pessoas que não vejo há anos. E essas lembranças não doem, não vão doer nunca.

Encontrei cartas de amigos de infância, de uma época em que os e-mails e todo o universo cibernético não faziam parte das nossas vidas. Cartas feitas à mão, desenhadas com canetas coloridas e lápis de cor. Há um certo romantismo nelas que, ainda que os avanços tecnológicos persistam, o tempo não vai apagar.

Há bilhetes e cartas trocadas durante as aulas na época do colegial. Há lembranças de pessoas que sumiram do mapa e de outras que ainda estão ao alcance dos meus olhos (ou do meu orkut...rs.).

Aí, ainda que o passado não machuque, vem a saudade, a curiosidade. "Por onde andará o fulano? Éramos inseparáveis quando crianças..."; "E a Cicrana? Sei que se formou em jornalismo mas, o que estará fazendo?"; "Esse aqui eu sei onde está, mas gostaria de vê-lo mais".

E penso, depois dessa sessão nostalgia que talvez a tecnologia, ainda que não tão romântica, consegue aproximar as pessoas... Mas, será mesmo?

Eu queria ter mais tempo para reunir as pessoas que me fazem falta. Queria poder rever meus amigos de escola mas sempre que tentamos marcar um encontro, tem sempre quem não possa. O orkut, o msn, não substituem o abraço, o olho-no-olho, o cheiro, as risadas e os papos saudosistas sobre um passado comum à todos. Quem sabe um dia...


20.1.10

À espera de um milagre.

Dia de "Super Gêmeos: ativar" no escritório. Funciona assim: Tudo que precisa ser feito na rua, nós vamos acumulando (empurrando com a barriga é a expressão mais correta) e, quando a água bate na bunda não dá mais, minha chefe e eu nos dividimos, cada uma para um lugar e uma missão diferente.

Hoje, a missão estava mais para gincana. Nós deveríamos sair do escritório, cumprir alguns obstáculos na rua e nos encontrarmos no Forum à 15:00 para tocar o sino de chegada duas audiências.

Saí da Vara do Trabalho (era o meu último obstáculo) as 14:55. Cinco minutos para chegar no Forum e um tiozinho de mercedes na minha frente, no MEIO da avenida, de modo que eu não poderia ultrapassá-lo de nenhum lado. Ele dirigia devagar (mesmo), a uns 20km/h. Ok. Respirei fundo e pensei que não poderia fazer mais nada naquele momento, melhor esperar com tranquilidade... Tá, é mentira! Fiquei gritando sozinha e gesticulando (sem gestos obscenos, por enquanto), esperando que, ao menos, ele olhasse no retrovisor e me desse passagem. Nada. Tiozinho da mercedes passava leeeeentamente por cada imperfeição do asfalto (começaram os gestos obscenos). Ao avistar o Forum, vi uma vaga e entrei (tchau tiozinho-lesma-dos-infernos), aliás, estacionei no mesmo lugar daquele dia em que quase entrei no carro errado.

Saí do carro, atravessei a avenida e, já no canteiro central, fiquei na dúvida se tinha trancado o carro. Acionei o alarme. Abri e fechei o carro de novo. Ok. Atravessei a outra avenida. Já quase em frente ao Laranjinha (Lembram? O vendedor de suco que deve me achar maluca, do mesmo post linkado acima), eu percebi que tinha esquecido algumas pastas no carro. Voltei. Peguei as pastas, canteiro central de novo, dúvida se tranquei ou não o carro, aciono o alarme, abre e fecha duas vezes (sim, deve ser TOC). Tudo certo. E o Laranjinha me olhando meio de canto... Whatever... Até parece que ele só vê gente normal por ali.

Dentro do Forum, aquele clima amistoso de pré-audiência. Uma das audiência tinha sido remarcada, a outra, o réu não apareceu, só o advogado lá, com cara de sei-lá-o-quê.

Mas agora vem a parte emocionante (?). Como já estava lá mesmo, resolvi dar uma olhada nuns processos, ou melhor, tentar. Minha chefe? "Beijinho, te vejo amanhã no escritório" e vazou!

Encostei a pança no balcão da Segunda Vara Cível de Indaiá-City (meu segundo inferno na Terra; o primeiro é a Receita Federal de Campinas) e fiquei lá, esperando.

Enquanto esperava fui pensando nas habilidades que eu adquiri e nos passatempos que inventei nos períodos de espera nos balcões de Foruns desse "mundãodemeudeus". Olha só:

1. Batuque com a ponta dos dedos, fraquinho e sem bater as unhas pra não irritar ninguém. Até aí muito simples... MAS, eu consigo bater cada mão num ritmo completamente diferente. E uso até o dedão!

2. Contar quantas pessoas com "cara de parte" (um dia eu falo delas) chegam no balcão com a pergunta "Aqui qué u Fóru?". Penso em responder "Não, aquela placa de aproximadamente 12 metros lá fora escrito FORUM é uma pegadinha", mas deixo quieto. Já estou pensando em fazer um controle numa planilha, com um gráfico no fechamento do mês!

3. Cronometrar quanto tempo o segurança fica sentado sem se mexer. Ele tem superado seus próprios records! Talvez um dia eu sugira um campeonato entre o segurança da manhã e o da tarde. Façam suas apostas! (Dica: o favorito é o da tarde)

4. Puxar assunto com desconhecidos. Claro que o foco da conversa é sempre algo do tipo: "Que coisa, não?", "Os processos não andam mesmo" ou ainda "Tenho um caso em Xixirica do Oeste e lá é bem pior"... Papinho típico de fila de banco, manja? Fala-se sobre nada e chega-se a conclusão nenhuma.

5. Conceito de solidariedade em estado de calamidade pública. Pode ser o mais arrogante dos causídicos, mas no balcão do Forum todo mundo é igual. Os coitados colegas de profissão estão quase sempre dispostos a ajudar, se não estiverem em seus passatempos solitários e secretos, óbvio. Não vou me espantar o dia que essa ajuda chegar ao cúmulo de "Por favor, depois de uma semana aqui a bateria do meu celular acabou... Posso usar o seu pra pedir uma pizza?" ou "Se passar perto da minha casa, por favor, me traga roupas limpas!"

Agora me ocorreu a idéia de levar o jogo "imagem e ação" toda vez que for ou Forum. Vai ser legal ver a galera, toda social, gritando: Duas palavras! Jóia? Jooo.. João (isso) Joãããooo BOBO! João-bobo! Isso! E a volta olímpica pelo saguão!

E é por essas e outras que eu me divirto quando vejo um e-mail que recebi meses atrás, sobre a semelhança entre os advogados e as putas. Dá uma olhada:

O QUE É SER ADVOGADO:

1- Você trabalha em horários estranhos. (como as putas!)
2- Te pagam pra fazer o cliente feliz . (como as putas!)
3- Seu trabalho sempre vai além do expediente. (como as putas!)
4- Você é recompensado por satisfazer as fantasias mais absurdas do seu cliente. (como as putas!)
5- Seus amigos se distanciam e você só anda com outros iguais a você. (como as putas!)
6- Quando vai ao encontro do cliente, você tem de estar sempre apresentável. (como as putas!)
7- Mas quando você volta, parece saído do inferno. (como as putas!)
8- O cliente quer sempre pagar menos e quer que você faça maravilhas. (como a s putas!)
9- Todo dia, ao acordar, você diz: "NÃO VOU PASSAR O RESTO DA VIDA FAZENDO ISSO" (como as putas!)
10- Apesar de tudo isso, você trabalha com prazer. (como as putas!)
11- Às vezes, você tem diminuir o valor dos honorários para conseguir um novo cliente. (como as putas!)
12- Você não quer que seus filhos sigam a mesma profissão. (como as putas!)
13- Quando perguntam no que você trabalha você tem dificuldades para explicar. (como as putas!)
14- 60% do trabalho depende da boca. (como as putas!)
15- E, ao final, todos dependem, e muito, de qualquer VARA. (como as putas!)


That´s all folks!

19.1.10

Sim, crônicas!

Eu tenho insônia. Uma insônia quase forçada, mas tenho.

Não sei em que momento da vida eu percebi que meu cérebro funcionava melhor a noite, mas sei que acho um desperdício passar a madrugada toda dormindo.

Ocorre que, como a maioria dos mortais, eu preciso me levantar cedo para trabalhar, ou seja, passar a madrugada brincando de coruja não é um hábito muito saudável para quem tem que levantar cedo e aguentar a aporrinhação do dia-a-dia.

Eu tenho muito sono entre as 6 da manhã e 10 da noite, então, se eu conseguir dormir antes das 22:00, ótimo, senão é bem provável que eu fique boa parte da madrugada acordada. Não sei porque, mas é assim que funciona.

Mas eu me controlo. Estabeleci uma meta que, se não aparecer nenhum sinal de sono até as 2 da manhã, eu deito mesmo assim e me forço a dormir... Pois bem, é aí que começa o poblema.

Sim, além da insônia há um outro problema: ao invés de contar carneirinhos eu fecho os olhos e fico imaginando histórias, personagens, conflitos. É como se eu abrisse um livro dentro da minha cabeça, como uma criança que precisa ouvir um conto de fadas antes de dormir só que, no meu caso, o conto (nem sempre de fadas) é meu, a história e o fim só dependem de mim.

Muitas vezes, na parte mais emocionante, o sono vem, mas eu o espanto para que eu possa terminar a história que está rolando na minha cabeça. Eu sei que é estranho e você deve estar se perguntando: "Você começa a história pra tentar dormir e depois espanta o sono porque quer terminar a história?" Sim, é isso mesmo! E é algo quase patológico. Chego a acordar frustrada se me lembro que não consegui terminar a história do dia anterior porque sei muito bem que dificilmente vou lembrá-la na próxima noite.

Enfim, no meio de tantas histórias (e insônias), eu decidi que queria colocá-las (as histórias) no papel, ou melhor, num blog. Foi assim que nasceu Aquele das Crônicas.

Seu primeiro texto, postado aqui, foi um ante-projeto. Alguns amigos gostaram e eu decidi que queria mesmo fazer isso. Ontem postei o segundo texto lá e outros virão em breve.

O ponto crítico disso é que, como disse, nem sempre eu lembro da história no dia seguinte o que certamente me fará levantar de madrugada e ligar o computador ou, no mínimo, caçar papel e caneta pra anotar.

Então, se me verem andando por aí como um zumbi, com olheiras enormes, já sabem o motivo!


Não me olhe assim!
A culpa é das crônicas.

17.1.10

Quase Crônica - Ante-projeto de novo blog

Fazia pouco tempo que se conheciam, mas não tinham dúvidas, aquele momento escolhido ao acaso pelo destino era o momento certo.

Saíram para caminhar entre as árvores. A intenção era deitar debaixo de uma árvore aconchegante, cada um com seu livro. Ele, com "O Universo numa casca de noz", de Stephen Hawking. Ela, com "Ensaio sobre a lucidez", de José Saramago.

Eram quase iguais, sendo completamente diferentes. Uma versão um pouco distorcida de "Eduardo e Mônica", de Renato. Ele, mais culto, pós-graduado, responsável. Ela, sem compromisso, vivia no happy hour com os amigos.

Andaram por vários minutos, de mãos dadas, conversando sobre o tempo, livros, árvores e amores perdidos. Ela era sua namorada, mas ele não era o namorado dela. Confuso demais. Ele queria amar, ela preferia um futuro mais estável que o amor, ainda que fosse solitário. Ele sabia.

Tomou coragem, então. Ele parou à sua frente, ajoelhou-se e começou a recitar um trecho decorado de uma das peças de Shakespeare, isso deveria ser infalível. Ela ria e olhava para os lados, incrédula, envergonhada, feliz.

... E depois da pequena encenação ele soltou: "Quer namorar comigo?"

O fim dessa história é triste e revoltante aos olhos insensíveis. Ela queria, mesmo sem querer. Ou não queria, mesmo querendo. Na dúvida, fugiu.

Mas ele continua lá, esperando por ela.



Ps: O texto não terminou. Espero parcerias para, quem sabe, um dia, trazer de volta a amada ao seu herói.

15.1.10

A quem interessar possa.

Um dia, neste mundo, eu chorei mais do que pensei que alguém pudesse chorar. E pedi ajuda aos anjos, aos santos e a quem pudesse me escutar. Acendi uma vela para Deus, para o Diabo, talvez.

Mas depois eu percebi que as minhas mazelas não são maiores que as mazelas humanas, passando pelo engano, erros e mentiras que fazem qualquer ser humano vibrar de ódio e dor em seus universos particulares, até as grandes catástofres que sensibilizam mesmo sem sensibilizar (hipócritas!). A dor do mundo era minha, mas a minha dor não era maior que as dores do mundo, ainda que eu pensasse que sim.

E, falando em mundo, certa vez houve a esperança do fim. Nenhuma teoria verosímil, apenas mais uma justificativa para a inércia permanente. Mas o mundo não acabou e as teorias perderam credibilidade, as igrejas perderam fiéis, os intelectuais deram ares de "eu avisei" e os pobres de espírito protelaram a decisão divina de extinção da raça humana. (Pobres seres que se sentem o centro de todo Universo... E onde seria o centro do infinito?).

Certo é (e ninguém parece ter percebido) que o mundo começa e acaba a cada dia e, às vezes, meu amigo, eu estou no grupo dos que começam, em outras, fico ao lado dos que esperam pelo fim. Maldita dualidade! Dualidade esta inerente aos seres conscientes, cientes de suas próprias limitações e do movimento permanente de tudo. Quem é tão certo de seus conceitos, dono de suas verdades, imutável, não pode ser consciente (mas esta é uma opinião minha e que talvez não deva ser levada em consideração).

Mas é isso, por aqui finalizo, pois não tenho a intenção de assustá-lo caso pense em vir nos visitar. Até porque, no fim de tudo, o mundo se atura e finge que se ajuda, o que torna tudo um pouco menos insuportável.

Até breve!

Ps: Espero que entenda alguns conceitos humanos, a começar por Deus e Diabo, desta forma, fica mais fácil entender o motivo de quase tudo.

Pps: Segue a foto de nosso planeta. De longe, ele é lindo... Tinha tudo pra dar certo!



14.1.10

Memórias


"O meu passado é tudo quanto não consegui ser. Nem as sensações de momentos idos são saudosas: o que se sente exige o momento; passado este, há um virar de página e a história continua, mas não o texto" (Fernando Pessoa)




Inevitável pensar no passado, ainda que não haja nenhuma intenção específica para isso, as memórias simplesmente chegam sem controle e não há nada que se possa fazer.

E o que passou muitas vezes se torna um mistério para nós mesmos... Como agi daquela forma? Era eu mesma naquela situação? O passado se torna tão estranho que não nos reconhecemos nele.

Não vou dizer que gostaria de viver o passado com a maturidade que tenho hoje, clichê demais. Até porque, o que sou hoje é obra exclusiva de tudo que vivi somada a alguma coisa de divino, sei lá. Em tempo, acredito que a maturidade se dá com a atenção plena, em todos os sentidos, em todos os momentos vividos.

Não sei em que momento mudei, nem porque. Duvido que o sofrimento seja a causa, primeiro porque não me considero uma pessoa sofrida, ainda que tenha passado por situações ruins (como qualquer outra pessoa), segundo, porque senti minha vida mudar de verdade a partir do momento em que comecei a me sentir verdadeiramente feliz comigo mesma, sem nenhum motivo especial. Quando isso aconteceu? Não sei precisar... Sei apenas que aconteceu e essa sensação continua viva. Aquela felicidade inventada, acomodada ou até mesmo criada, não existe mais.

Ainda que todas as fases sejam transitórias, o que sinto hoje é mais importante que todo o resto e sei também que um dia isso será bobagem, porque a história continua, mas não o texto.

8.1.10

"Mea Culpa"


Era exatamente sobre isso que eu falava quando deixei meu comentário neste post do Rob Gordon!

Sempre que eu me aborreço ou algum fato estranho acontece comigo eu tenho culpa no cartório. As bizarrices não acontecem por simples ironia do destino, aliás, se eu ficar quieta nada de interessante (?) acontece... Mas a verdade é que eu sempre faço alguma “coisinha”, sempre contribuo pra uma ocasião dessas acontecer.

Outro dia o Itaú me ligou. Eu estava dormindo e minha mãe me acordou pra atender (enorme ajuda dela... foi de sacanagem, tenho certeza!) e eu fui (começou a minha contribuição). A pessoa se identificou e pediu que eu esperasse que ela ia transferir para um consultor e eu ia ficar sabendo o motivo da ligação. Ok, cada uma com o seu papel. Segundos depois eu despertei e pensei: “Perai, eles me ligaram e eu ainda tenho que esperar para ser atendida??? Eu não mereço isso!” Desliguei no meio do refrão da música de espera.

Mas o Itaú é persistente e ligou de novo, mais tarde. Resolvi acabar logo com aquilo e dizer logo que eu não queria o que quer que fosse que eles tinham a me oferecer. Mais uma vez a atendente me pediu para aguardar. Eu? Tive uma pequena discussão com ela sobre o porquê eu deveria aguardar, sendo que eles é que estavam me ligando. Ela falou qualquer coisa e acabou me convencendo a aguardar (o que prova o quanto eu sou vulnerável às pessoas de telemarketing).

Fui atendida uns 4 minutos depois por uma mulher querendo me vender um serviço pluft plact zum (não vai a lugar nenhum) e logo de cara eu disse que não queria. Ela me perguntou se eu não gostaria de, pelo menos, conhecer a enorme vantagem... “Não, não quero!”. Me chateou esperar 4 minutos pra dizer essas três palavras. Muito.

Já no fato abaixo a minha contribuição foi adicionar uma pessoa no meu MSN a qual eu não fazia idéia de quem era. E eu sempre faço isso e não aprendo. É assim, se o nome não tiver nenhuma conotação sexual ou cara de spam, eu adiciono (vai que é alguém que eu conheço e não lembro?). Enfim, adicionei a figura e dias depois me acontece isso:

Ah! E lembre-se:

Nunca forneça sua senha ou o número do cartão de crédito em uma conversa de mensagem instantânea.

Agora que já estão devidamente advertidos, vamos lá...

viva todos os dias como se fosse o utimo diz:
ooiiiiiieeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee

Bia diz:
Oi

Bia diz:
Tudo bem?

viva todos os dias como se fosse o utimo diz:
tudo e vc?

Bia diz:
tudo tbm.... posso perguntar quem é vc?

viva todos os dias como se fosse o utimo diz:
como assim? Tá doida?

viva todos os dias como se fosse o utimo diz:
não lembra de mim?

Bia diz:
então, só conheço uma “l...”, mas o sobrenome dela não é “m...”

Bia diz:
desculpa, mas não lembro

viva todos os dias como se fosse o utimo diz:
q “l...”

Bia diz:
vc é de onde?

viva todos os dias como se fosse o utimo diz:
do cuiu

viva todos os dias como se fosse o utimo diz:
hihihihiih

Bia diz:
????

viva todos os dias como se fosse o utimo diz:
kkkkkkkkkkkk

viva todos os dias como se fosse o utimo diz:
rrrrrrrrrr

viva todos os dias como se fosse o utimo diz:
wwwwwwwww

viva todos os dias como se fosse o utimo diz:
vc ta doida ?

Bia diz:
eeeuuu?

viva todos os dias como se fosse o utimo diz:
eeeeeeeeeeeeeeeeeee

viva todos os dias como se fosse o utimo diz:
ñ sabe quem sou eu

viva todos os dias como se fosse o utimo diz:
kd gabi

Bia diz:
não sei mesmo.....

Bia diz:
não conheço nenhuma gabi

Bia diz:
acho que vc se enganou ao add o msn

viva todos os dias como se fosse o utimo diz:
entaoe doida mesmo

viva todos os dias como se fosse o utimo diz:
poe uma foto sua ai

Bia diz:
não dá.... estou numa versão arcaica do msn que não permite visualização de foto

Bia diz:
é só me dizer de onde vc é que, se conheço vc, vou lembrar, certeza

viva todos os dias como se fosse o utimo diz:
entao vou te deleta

Bia diz:
como quiser.....

viva todos os dias como se fosse o utimo diz:
ta

viva todos os dias como se fosse o utimo diz:
xau


* O nick dela era esse mesmo, “viva todos os dias como se fosse o utimo” (melhor não!), mas o nome dela, do endereço de e-mail, foi trocado para “l...” e “m...”, no intuito de preservar sua identidade. Todo o resto foi mantido conforme o ocorrido e é verídico.

7.1.10

"Distração é eufemismo" ou "Maldita genética"


Depois de ter entrado até as coxas num rio achando ser uma rua alagada na noite de reveillon, hoje me acontece um fato típico de meu pai, por isso o post tem dois títulos. Quem nos conhece sabe que grande parte da culpa por eu ser assim é dele.

Vamos aos fatos:

Fui ao Forum hoje e estacionei na avenida ao lado do portão de entrada, do outro lado, próximo à esquina onde fica um rapaz vendedor de suco (vulgo "laranjinha").

Entrei no Forum, fiz o meu trabalho, aguentei firme o que os advogados aguentam e que qualquer ser humano normal não aguentaria. Saí com aquela sensação de bem estar, de dever cumprido, de "essa merda, só amanhã" e fui para o carro.

Atravessando a rua, apertei o botão do alarme e ouvi o "pi-pi" habitual. Eis que chego no carro e percebo arranhões estranhos na porta, arranhões novos e mais profundos do que os já existentes. Praguejei. Não que eu dê muita importância para a lataria de um carro, mas riscar a minha porta daquele jeito era muita sacanagem. Passei o dedo pelos riscos pensando em quem poderia ser o imbecil. Um adolescente rebelde? Um motoqueiro sem escrúpulos? Enfim, resolvi deixar pra lá e ir embora... Mas nem tudo é o que parece ser...

Coloquei a mão na maçaneta e puxei para abrir. Nada. A maçaneta está travando mesmo, desde que tentaram roubar o carro. Tentei de novo. Nada.

Acionei o alarme mais uma vez, ouvi o "pi" que fecha, acionei de novo e ouvi o "pi-pi" que abre. Percebi então que as travas, dentro do carro, não se moviam. Cara... começamos o ano bem! Vou ter que abrir com a chave mesmo. (Será que não vai disparar o alarme, visto que, aparentemente, ele não está funcionando muito bem? E se disparar e eu não conseguir desligar? Droga!) Fiquei um tempo pensando sobre isso e na possibilidade de ligar para o meu pai e pedir ajuda.

Olhei para dentro do carro pensando que eu precisava mesmo dar um jeito naquilo. Tinha até um copo do Mc Donald´s no chão e eu nem lembro quando foi a última vez que passei pelo drive-thru. (Esse copo jogado deve ser coisa da Michelle certeza, é típico dela!).

Respirei fundo, coloquei a chave e tentei abrir. NADA! Quase quebrei a chave tentando virar e NADA! (Não é possível que tentaram levar o carro de novo... Ou será que é uma gangue destruidora de fechaduras e que agora conseguiram seu intento?). Minha vontade era surrar o carro e perguntar em alto e bom som porque raios ele não queria abrir. Eu estava furiosa!

Foi nesse momento que eu olhei para o lado e percebi que a placa do meu carro tinha se mudado para outro carro... Será? Óbvio que não! Percebi que estava tentando abrir o carro errado, estava brigando com o carro estacionado na frente do meu (como pode serem tão parecidos?). Lembrei também que mandei o carro pra lavar na segunda-feira passada e nunca que aquele carro sujo poderia ser o meu (muito menos o copo do Mc Donald´s ser da Michelle).

Minha vontade era brigar com o meu carro (por que ele não me chamou?), brigar com o outro carro (que também ficou na dele, dignando-se apenas a não abrir), brigar comigo (porra, não tem nem uma semana a história do rio!)... Olhei em volta para medir o tamanho da vergonha. Quase ninguém na rua, exceto pelo laranjinha que deve ter percebido o erro logo de cara mas também não fez nada. Olhei para ele, dei um sorriso amarelo e fui para o carro (desta vez, o meu mesmo). Entrei com uma gargalhada presa na garganta, mas não podia rir, não podia deixar o vendedor de suco achar que eu era louca... E ele tentava disfarçar, mas ria...


6.1.10

Aquele do Reveillon

Um dia quatro amigas solteiras por opção (deles!) resolveram passar o reveillon na praia, mais precisamente em "Caraguá", assim como cinco meninos (mais tarde seriam seis, contando com o tio) solteiros por opção (delas, é óbvio!). Se conheceram por culpa da chuva torrencial que caía em São Sebastião, cidade vizinha e local escolhido por ambos os grupos para passarem a "virada". Todos confinados debaixo de uma barraca tendo que juntar as mesas para ninguém se molhar. Resultado? Esquece, não vou contar tudo. Foi engraçadíssimo, mas não conseguiria descrever a graça toda em palavras, até porque nem todos que lêem o blog estão alcoolizados o suficiente, mas vou resumir ocultando os nomes para ninguém sair prejudicado, na ordem dos acontecimentos:

1. Duas pessoas saem da festa, depois da virada, no intuito de deixar a bolsa de uma delas no carro (a bolsa molhou muito com a chuva e pesava uns 10 kilos, no mínimo). Eis que no trajeto acabam entrando num rio achando que era uma rua alagada. Isso mesmo, NUM RIO, na intenção de atravessar a RUA ALAGADA! Quando a água atingiu a metade das coxas resolveram voltar e seguir pela ponte. Você deve estar pensando: "Porra, se tinha uma ponte, eles não perceberam que era um rio?". A resposta é simples: "Não". As duas pessoas nem estavam tão alcoolizadas assim, posto isso só resta a opção de que os dois sofrem de deficit cognitivo.

2. Uma pessoa se perde do grupo, perde o tênis e a noção. Anda mais de 10 km e só chega em casa no outro dia, às 10 da manhã.

3. Duas pessoas se perdem para voltar para o carro, andam uns 6 km até perceberem que estavam perdidos. (Sim, esse povo está querendo uma vaga na São Silvestre do próximo ano). Enquanto isso, seis pessoas se espremem dentro de um carro, se escondendo da chuva e esperando os dois perdidos chegarem. Cogita-se a idéia de deixar os dois pra lá e murchar o pneu do outro carro (de propriedade de um dos dois perdidos), mas uma pessoa de coração bonito resolve que é melhor esperar.

4. Churrasco no dia 1, cerveja, caipirinha de caju, cerveja, caipirinha de kiwi (kriptonita), cerveja, qualquer coisa alcoolica dentro de um abacaxi e mais cerveja. Resultado: uma pessoa que não lembra de ter tentado jogar imagem e ação, ter tentado arrancar a roupa e comido um prato de nhoc (que, por sinal, estava maravilhoso... comidinha do tio pra forrar o estômago!).

5. Uma pessoa que tinha decidido trançar a juba pra ir pra praia e resolve, depois de ter bebido um quiosque inteiro, que deveria destrançar tudo. Claro que a tarefa árdua sobrou para três inocentes que tiveram que aguentar frases do tipo: "Por que você está aí parada? Já terminou?" ou "Foda-se se demorar, a outra demora horas pra tomar banho e ninguém fala nada"... Um bom humor de causar inveja a qualquer cristão!

6. Pizzaria em São Sebastião. Pizza baiana, mexicana, levíssimas e alguns passando mal depois.

7. Dia de voltar e um sol do car... Trânsito na serra. Maravilha!

Mas o pior de tudo foi uma pessoa que odeia axé-music (neste caso, eu!), finalizar o primeiro dia do ano num show cuja música principal era algo do tipo: Vou te pegar rá ru!

P.s.: Sim, eu sou a pessoa com deficit cognitivo que entrou no rio. Pronto, falei!
P.p.s: Morrendo de preguiça de escrever, por isso foi resumo do resumo...aff!