28.12.09

Metades

...
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.
...
(Metade - Osvaldo Montenegro)


Tudo depende de mim, das minhas escolhas, essa é uma das únicas certezas que tenho. Se algo não saiu conforme planejado, ainda me resta a possibilidade de escolher qual vai ser a minha atitude diante dos planos frustrados. Entender e colocar isso em prática é difícil e só se consegue com o amadurecimento. Crescer é preciso e, infelizmente, esse crescimento está atrelado às dificuldades já vividas.

É preciso entender que somos feitos de várias metades e que nada na vida nos é dado por inteiro pois, se assim fosse, certamente nem sempre se abririam novas possibilidades. Ser inteiro, completo, implicaria ser único e talvez imutável. Mas somos feitos de metades em busca de algo que nos faça sentir inteiros.

Somos metade paixão e metade desdém. A transitoriedade da vida está intimamente ligada à metade dominante no momento de fazer uma escolha.

Somos metade razão e metade sentimento. Somos seres humanos, incompletos, passíveis de erros e merecedores do perdão. Somos pequenas unidades de carbono com incalculável número de átomos em turbilhão.

Somos metade fantasia e metade realidade. Sonhamos com o passado, com o presente e com o futuro. Nos enganamos e enganamos os outros. Fazemos da vida pequenos lagos de flores. Tentamos mostrar aos outros nossa alegria e escondemos nossas mazelas.

Somos metade felicidade e metade sofrimento, não importa qual das duas metades se sobreponha em determinado momento, essas metades se alternam quando a gente menos espera.

Somos metade sensatez e metade loucura, metade liberdade e metade censura, nem água, nem vinho.

Somos a eterna disputa entre o bem e o mal.

Um comentário:

M. disse...

Eu acho que sempre fui 80% de tudo...mas os 20% continuam lá. Algum dia eles podem ter mais força... Quem sabe.
Obrigada pela visita. volte mais vezes, assim como voltarei aqui...